Atualmente, a socialização estabelece as relações produzidas pela rede de interconexões de pessoas entre si, mediadas pelas TICs (Tecnologias da Comunicação e Informação). Vemos à todo momento, a mídia delineando a realidade e guiando o processo de construção de identidade, cultura e relações pessoais. Fato que se distancia dos valores educativos empregados nas instituições educacionais.
Podemos estabelecer um paralelo entre o ensino tradicional – calcado nas salas de aula físicas e territorialmente definido – e a EAD. Esta pode participar do processo de inclusão, pois contêm particularidades que projetam ao educando flexibilizações para seu uso, elevando o grau de acesso à educação, diminuindo assim o abismo entre escolarizados e não-escolarizados.
Pesquisas mostram que existem diferenças entre as faixas etárias na forma da apropriação e no domínio da habilidade operacional do computador. Estudos que comparam diferentes faixas etárias na interação com a máquina apontam a importância do dimensionamento de estratégias de ensino e aprendizagem delineadas de acordo com as características e condições da população, respeitando o ritmo e tempo para aprender, limitações físicas (auditivas, visuais) e cognitivas (memória, atenção) etc.
A geração dos idosos de hoje tem revelado suas dificuldades em entender a nova linguagem e em lidar com os avanços tecnológicos até mesmo nas questões mais básicas como os eletrodomésticos, celulares, os caixas eletrônicos. Consequentemente,aumenta - se o número de idosos “analfabetos” em Informática, ou analfabetos digitais, em todas as áreas da sociedade.
A inclusão de pessoas com necessidades especiais nos leva a outra reflexão, pois o governo obriga as escolas a aceitarem estes alunos, mas não aumenta a verba para o investimento necessário, as mesmas relutam dizendo não terem infra-estrutura e professores capacitados para tal. Para que haja inclusão é preciso investir e no processo de inclusão digital o mesmo acontece! Perguntemos: quem são os verdadeiros incluídos e excluídos digitais em nosso país?
Há uma inexistência no sistema de ensino de um processo de aprendizagem direcionado ao montante de informações na internet que exige habilidades como aprender a se informar e aprender a informar, onde adquirir a informação, etc,... Para que haja inclusão digital, faz-se necessário a capacitação, denominada pelos programas governamentais de Alfabetização Digital.
Segundo Buzato (2003) as pessoas alfabetizadas não são necessariamente “letradas”. Mesmo sabendo “ler e escrever”, isto é, codificar e decodificar mensagens escritas, muitas pessoas não aprenderam a construir uma argumentação, redigir um convite formal, interpretar um gráfico, encontrar um livro em um catálogo etc. Denomina-se essa competência de letramento, que se constrói na prática social, e não na aprendizagem do código por si.
Dessa forma, Buzato adota o termo Letramento Digital por entender que não se trata apenas de ensinar a pessoa a codificar e decodificar a escrita, ou mesmo usar teclados, interfaces gráficas e programas de computador, mas de inserir-se em práticas sociais nas quais a escrita, mediada por computadores e outros dispositivos eletrônicos, tem um papel significativo.
Definimos Letramento Digital como: o saber utilizar as TICs, saber acessar informações por meio delas, compreendê-las, e com isso mudar o estoque cognitivo a consciência crítica e agir de forma positiva na vida pessoal e coletiva. Freire (2002, p.11) defende que:
(...) mais que organizar e processar conhecimento
científico, como antes dos primórdios da ciência
da informação, será importante prover seu acesso
público através das mais diversas formas e dos mais
diversos canais de comunicação, de maneira que
essa nova força de produção social possa estar ao
alcance dos seus usuários potenciais.
Assim, o nível de utilização do conhecimento bem como a sua aplicabilidade, via TICs, são fatores guias na definição do aumento ou redução da desigualdade social no país. Uma educação envolvendo novas e interessantes abordagens relacionadas ao acesso à informação por meio das TICs,é o objetivo alvo de uma nova e desejada sociedade “incluída”.
Referências:
BUZATO, Marcelo E. K. Letramento digital abre portas para o
conhecimento. EducaRede, 11 mar. 2003. Disponível em: <>.
Acesso em: 14 maio 2010.
FRANCISCO, Deise Juliana; MACHADO, Glaucio Jose Couri. Sociedade, EAD, inclusão digital e formação de professores. Universidade Regional Integrada do alto Uruguai e das Missões (URI), Brasil. Disponível em: <> Acesso em: 17 maio 2010.
FREIRE, Isa Maria. Da construção do conhecimento científico à
responsabilidade social da ciência da informação. Informação & Sociedade,
João Pessoa, v. 12, n. 1, 2002.
Helena Peters Musicoterapia e Educação Musical. O papel da inclusão digital no processo educativo. Disponível em: <> Acesso em 17 maio 2010.
KACHAR, Vitória. PGM 5 – Tecnologia e inclusão. A terceira idade e a Inclusão digital. Disponível em: <> Acesso em: 17 maio 2010.
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